A reciclagem de resíduos da construção civil e demolição é um negócio que atrai muito curioso. É incrível o número de pessoas que se lançam nesse setor, não imaginando a natureza das dificuldades para receber o entulho e para vender o agregado reciclado.
Para uma parcela ínfima de investidores, há uma pesquisa com levantamento de dados para tomar a decisão de entrar no mercado de RCD ou aguardar o melhor momento, porém, ainda certo de que a ideia é “revolucionar” o segmento da reciclagem.
Não é necessário revolucionar o segmento da reciclagem de RCD, muito menos fazer diferente de todos. O sucesso de uma usina de reciclagem é apenas receber BEM os resíduos e vender BEM o agregado reciclado.
Tudo poderia ser evitado estudando o segmento da reciclagem e entendendo melhor o negócio. Interessante ainda é a estratégia da maioria dos empresários ao entrar no negócio, com uma ideia incipiente do setor, eles pensam em compensar a dificuldade em se vender o agregado reciclado produzindo bloco ou tijolo ecológico com o material resultante da reciclagem de resíduos da construção e demolição.
Antes o problema era a usina, agora é a usina e a fábrica de bloco ou tijolo.
Das usinas de reciclagem de RCD que fecharam nos últimos tempos por não suportarem o ambiente mais hostil e a construção civil mais fraca, uma significativa parcela sucumbiu exatamente no amadorismo e na falta de foco.
Sabemos das dificuldades do mercado de agregado reciclado e recebimento de resíduos da construção civil, mas qualquer estudo ou análise de viabilidade chegaria a seguinte conclusão: uma usina de reciclagem de entulho só é viável se houver integração na cadeia, ou seja, a mesma empresa dominar algum elo da construção civil, preferencialmente todos. É muito mais fácil receber o entulho se a empresa de caçamba pertencer ao mesmo grupo da usina de RCD.
Da mesma forma, é mais fácil escoar o agregado reciclado se a construtora for do mesmo grupo empresarial que a usina. A usina de reciclagem de RCD sozinha e sem integração ou parceria vai continuar tendo os mesmos problemas: dificuldade em vender o agregado reciclado e a receber o resíduo da construção civil.
Por ora, esse é o negócio ideal, pois há uma evolução nas discussões quanto a responsabilidade do gerador sobre o resíduo, fazendo com que a construtora ou a demolidora, que são os geradores, contratem o destinatário final, desonerando o transportador e reduzindo o descarte incorreto de entulho.
Levi Torres
Coordenador da ABRECON