Crise, que crise? - Construplay

Crise, que crise?

Por Construplay, em 02/07/2019

A “crise” tem sido usada há alguns anos para justificar algumas decisões de empresários do segmento de RCD. Mas afinal, o que vivemos nesses últimos tempos é uma crise, um estado, ou uma condição típica da economia?

O que eu ouço com frequência chega a doer meus ouvidos: não vou investir nisso porque estamos na crise. Oras, eu me pergunto: como pode um país viver numa crise há mais de cinco anos? É uma miscelânea de desculpas para não fazer. A crise está em todos os argumentos. Todos!

Imbuído desse espírito pró-crise, o empresário tem uma visão pessimista ao invés de transformar sua realidade. O ambiente de negócio mais hostil é uma oportunidade para quem souber aproveitar. Mas é a “pá de cal” para organizações frágeis e sem compromisso com o negócio.

Temos então algumas opções para anular ou explicar a tal crise que passou a ser cotidiana e até diária para alguns empresários:

-> A crise existe e vai passar;

-> A crise não existe;

-> Depende do seu ponto de vista.

De acordo com os dados do Banco Central do Brasil, a temida “recessão” aconteceu entre 2014 e 2016 com resultado pífio nos anos de 2015 e 2016, algo em torno de 6% de redução do Produto Interno Bruno – PIB.

Mas a gente se acostumou a um ciclo de crescimento único no país e acredita que o bom momento da economia vai voltar. De 2007 a 2010, o Brasil cresceu como nunca. Nesse período, de acordo com o Sistema Gerenciador de Séries temporais do Banco Central, o país teve um crescimento ímpar desde a redemocratização – 19,82% do PIB. Nos anos seguintes – 2011, 2012 e 2013, o crescimento foi mais realista, não ultrapassando os 3% ao ano.

Analisando os dados, temos a impressão que fatalmente tivemos um ciclo econômico muito favorável, um fenômeno extremamente raro que acontece a cada três décadas ou mais. Resultado assim foi registrado no final da década de 60 até meados da década de 70, período conhecido como milagre econômico.

Pois bem, a minha impressão é que as pessoas usam o termo “crise” apenas como uma forma de justificar uma decisão, pois é claro e evidente que o momento atual já se desenha como uma nova realidade, com perspectiva de crescimento igual ou inferior a 1%.

Sabe aquela história de que a palavra “chama”? Crise é um negócio nesse sentido, quanto mais a gente fala, mais a gente atrai. É terrível!

Se não houver investimento, haverá recessão, havendo recessão, há desinvestimento. E as pessoas esperam por alguma coisa ou por alguém. Estão esperando há cinco anos e o ambiente de negócios é o mesmo. Portanto, não adianta por a culpa na crise, nem usá-la para justificar opções de investimento ou desinvestimento.

Temos que entender que a realidade, doravante, é essa, infelizmente. O saldo vai ser positivo, pois provavelmente teremos melhores empresas e empresários, mais preparados e comprometidos com a causa. Pelo menos eu espero que esse momento seja de aprendizagem.

Levi Torres

Coordenador da ABRECON

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